sábado, 5 de dezembro de 2009

PRODUÇÃO LIVRE/CICLO III

Pavê de Diário

Ingredientes:

58 Cursistas

1 Computador

Recheio:

3 Gelits

3 Geacs

3 Oficinas

3 Gecis

3 Palestras

6 Cursos

1 Projeto

Seminário inicial a gosto

Uma pitada de seminário final


Cobertura

Vários professores

Orientação

Leituras

Modo de preparo


Tire o sonho dos cursistas pondo-os de molho em frente ao um Computador. Vai agregando as reflexões no Diário de Ciclo, dos Cursos, Oficinas, Gelits, Geacs, Palestras, Projetos, Gecis e os Seminários Inicial e Final.

Unte a memória com muita leitura. Regue o diário com citações.

Abra uma pasta no arquivo do computador, digite os conhecimentos, dosando a prática e a teoria. Não pode deixar de acrescentar as contribuições dos professores e do grupo de orientação. O Diário está pronto.

Tenha uma boa degustação.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Oficina de Criações Artísticas

A educação em arte propicia o desenvovimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentidoà experiência humana: o alunodesenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por eles e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. (PCN, 2001, p.19)


Participar da Oficina de Criações Artísticas despertou em mim a sensibilidade de apreciar a natureza com mais percepção, percebendo que a natureza é a obra mais grandiosa do Criador. Os elementos que compõem a natureza nos mostram que nada precisa ser igual, e o que é melhor, de fato nada é igual, a beleza está na diferença e na diversidade.

Para conferir o processo criativo pelo qual passei junto com os meus alunos confira o relato abaixo:


DIVERSIDADE = RESPEITO

Dia 27/08/2009


Foi realizado o primeiro encontro da oficina de Criações Artísticas com a professora Giovana Dantas, Artística Plástica. No decorrer das quatro horas de aula, ela nos orientou na investigação de noções básicas do processo criativo aplicado no trabalho artístico e também nos deu uma introdução à história da Arte. A proposta da atividade foi passada, e ficamos sabendo que seria a produção de uma obra de Arte. Confesso que saí sem saber ao certo qual seria o meu “projeto criativo”. Saí do espaço Ufba/Irecê com a atenção mais voltada para o ambiente, não só natural, mas o todo. A atenção foi meio às pressas, pois não podia perder o ônibus. Através da sensibilidade de Giovana, aprendi a compreender que tudo e que todos que estão envoltos nos ambientes têm sua essência e beleza. Então, aproveitei o retorno para casa e contemplei a paisagem, observando a vegetação do nosso grandioso sertão com o olhar de admiração.


Dia 28/08/2009


O segundo encontro estava para começar, e eu não tinha nenhuma ideia planejada. Porém, uma sementinha que já germinava dentro de mim há muito tempo começou a ser desenvolvida através da exposição dos projetos pensados pelos colegas, pois os mesmos estavam muito ligados à exploração dos recursos da vegetação sertaneja.

Desde muito cedo, eu já admirava a paisagem do sertão, em particular na época da seca, talvez por presenciar ano após ano a resistência teimosa dos vegetais nativos da nossa região. Mesmo sem chuvas, eles permanecem na luta pela vida, esperando que a chuva caía de novo e assim que começa a chover o reavivamento deles é tão sensacional que desperta em nós mais e mais esperança. Diante da minha contemplação por esta beleza, pensei em utilizar as folhas secas no meu projeto, estabelecendo relação com o preconceito humano pelos seus semelhantes e com a falta de respeito por ambos os seres – humanos e vegetais. Sendo assim, o nome do meu projeto ficou definido por “Diversidade = Respeito”. Então, pensei em representar a diversidade do bioma sertanejo, usando algumas folhas secas coladas no desenho do corpo de pessoas com características físicas diferentes.


Dias 29 a 30/08/2009


Passei esses dias observando mais atentamente as folhas dos vegetais e pensando em como realizar a construção do meu projeto.


Dia 31/08/2009


Comuniquei aos meus alunos do grupo 08 sobre a produção que teríamos de realizar, deixando-os a par do contexto da oficina, e pedi as suas contribuições para a conclusão do mesmo. O interessante foi que o tema do projeto coincidiu com os conteúdos programados para o 2º bimestre/2009 – Violência e Respeito, na área de Filosofia. A receptividade por parte dos alunos foi imediata. Eles se prontificaram na contribuição do que fosse possível.


Dias 14 a 18/09/2009


Agucei a curiosidade dos alunos pedindo para que eles verificassem os vegetais que haviam no caminho da escola para suas casas e os que haviam nos seus quintais. No dia seguinte, a confusão para expor as “descobertas” sobre o tamanho das plantas, os formatos das folhas, se tinham flores, frutos ou não foi geral. No fim, tudo deu certo, consegui contornar a ansiedade deles e intervir para a obtenção de uma compreensão mais sistematizada e voltada para diversidade e o respeito.


Dias 21 a 25/09/2009


Observei que seria muito difícil conseguir folhas secas, pois muitas plantas estão completamente sem folhas, e as que se encontram no chão estão degradadas. Diante desta surpresa da natureza, decidi mudar o meu projeto trocando as folhas secas por folhas verdes das plantas que ainda conseguem resistir à seca.


Dia 05/10/2009


Eu e os meus alunos saímos pela mata à procura de folhas. Colhemos algumas folhas de juá e são joeiro para composição. Escolhi dois alunos com características físicas diferentes para contornar seus corpos. A posição ficou a critério dos mesmos. A colagem foi realizada.

Concluo que todo processo criativo tem sua beleza por mais simples que ele pareça.

Apreciem a diferença...


PARÂMENTROS CURRICULARES NACIONAIS: arte. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. -3. ed. -Brasília, 2001.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

GEAC: AO LONGO DA HISTÓRIA

HISTORIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA AO LONGO DO TEMPO

Há muitas maneiras de resgatar a memória
do passado a partir de documentos,
mas caberá ao historiador
levantar hipóteses sobre as fontes investigativas.
(Túmulo de um guerreiro Mochem, com cerca de 1500 anos, Peru Apud ARANHA, 2006).



História da educação e da pedagogia ao longo do tempo é de fato um estudo imprescindível para nós, professores. Pois, é neste contexto que poderemos transitar para obter a compreensão da evolução do sistema de ensino e aprendizagem e também as ressonâncias que permeiam até os dias atuais a nossa prática no âmbito escolar e a nossa cultura social, política e econômica.

Neste sentido nos cabe saber que temos uma educação alicerçada nos parâmetros europeus, não só pelo fato histórico de termos sido colonizados pela monarquia portuguesa, mas também porque o Brasil está situado no hemisfério ocidental, esses dois aspectos mostram a influência de vários períodos da história da civilização humana na nossa formação em pleno século XXI.

O percurso que traçamos nos encontros do Geac tem inicio na Grécia Antiga (a. C.), período demarcado pelo nascimento de Cristo, para os cristãos. A Grécia ganhou a consistência histórica de berço da civilização, por ter influenciado na formação cultural e educacional de outras nações, neste estudo o foco ficou direcionado ao Ocidental, obviamente por seu o nosso contexto. Então, é a partir da Grécia que começa a formação dos conceitos históricos educacionais e culturais da humanidade, depois vêm os outros períodos, a Antiguidade Romana, a Idade Média, o Renascimento, o Iluminismo e a Época Contemporânea.

Os percursos transitados em cada período mostram-nos o contexto histórico e principalmente, os avanços que ocorreram no campo da pedagogia. É na Grécia Antiga (séc. XX a. C. - séc. II a. C) que nasce o primeiro modelo pedagógico, a Paideia, seguindo duas vertentes: de um lado destacava a visão filosófica de Platão, e do outro predominava a retórica defendida pela escola de Isócrates. Nos outros períodos os ensaios pedagógicos também aconteceram; na Antiguidade Romana (séc. II a. C. - séc V d. C.) o pensamento pedagógico continuou baseado no modelo da retórica, defendido por Isócrates; na Idade Média (séc. V -, XV) apesar de ter recebido o conotativo de "Idade das Trevas", também se pensou no fazer pedagógico, mesmo sendo esse de maneira pragmática, ou seja, a educação voltada única e exclusivamente para a Igreja, que neste período se tornou a detentora do conhecimento e a que tinha o poder da palavra. Impondo a filosofia cristã, que se estendeu por dois períodos: Patrística e Escolástica. Destacou-se os padres enciclopedistas, que traduziram a cultura antiga adequando-a às verdades teológicas. No Renascimento (séc. XV - XVI) a pedagogia começa a tomar atalhos da secularização do pensamento, com anseio do antropocentrismo de uma educação mais laica, as produções pedagógicas, ainda não tanto filosófica começam a surgir; destacando os nomes de Juan Luis Vives (1492-1540), Erasmo de Rotterdam (1467-1536), François Rabelais (1494-1553), Michel de Montaigne (1533-1592).
Na resistência às novas ideias da secularização do pensamento a Igreja Católica surg
e com a Contrarreforma, encabeçada principalmente, pela Companhia de Jesus, um dos modelos de educação que mais se destacou no Brasil na época da colonização. A Companhia organizou através dos resultado das experiências o documento Ratio Studiorum que significa "Organização e plano de estudos". No século XVII, conhecido como o "século do método", que, ao fecundar a ciência e a filosofia, repercutiu nas teórias pedagógicas. Neste século filósofos como Descartes (1596-1650), Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1588-1679), Hume, Espinoza discutiram a teoria do conhecimento segundo questões de método. Entre outros como João Amós Comênio (1592-1670), Fénelon (1651-1715). Já no século XVIII, caracterizado como século das Luzes por ter gerando grandes transformações intelectual, partindo em especial do ponto de vista pedagógico e pela política educacional focada no esforço para tornar a escola leiga e função do Estado. Como defensores serão agrupados os que mais se destacaram e deram suas contribuições pedagógicas: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Immanuel Kant (1724-1804). Foi no século XIX que a educação preconizada por Comênio, séc.XVII: "ensinar tudo a todos", começou a se concretizar. O ideário pedagógico do século XIX destaca três principais tendências: # A corrente positivistas, tendo como percurso o francês Augusto Comte (1798-1857). #A corrente do idealismo, Hegel (1770-1831), foi o mais importante dos pensadores idealistas. #A corrrente materialista, composta por críticos que influenciaram a vertente socialista, representada sobretudo por Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895). Outros pedagogos deste período se destacaram, contribuindo para idealizar métodos eficientes para aquisição dos conhecimentos: Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), Friedrich Froebel (1782-1852), Johann F. Herbart (1776-1841), Friedrich Nietzsche (1844-1900).
Contudo foi a partir do final do século XIX que as reflexões educacionais e pedagógicas passaram a ser objetos de experiência e de estudo, mas para haver avanços no pensamento humano, os seres humanos tiveram que se emanciparem, tornando-se autônomos no seu modo de pensar e de ser, libertando-se do domínio da Igreja. Para tanto o direito sobre si só começou a ser conquistando a partir dos pensamentos iluministas do séc. XVIII e com as lutas travadas no séc. XIX através das lutas revolucionárias para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Foi por meio dos embates acontecidos nos períodos anteriores ao séc. XX, que as mulheres adquiriram o direito de votar e de estudar a partir do final séc. XIX e início do séc. XX, a pedagogia se alinhou aos conhecimentos científico, interessando desta maneira pelos métodos adequados, buscando compreender o processo de aprendizagem, tanto da vertente humanista quanto a naturalista. Também foi pela contribuição da psicologia, da sociologia e de outras ciências que os ensaios pedagógicos foram tomando espaço de discussão sobre a prática e métodos de diferentes vertentes assumindo o papel predominantemente essências para a formação educacional do ser humano. É fundamental saber que os teóricos investiram na psicologia, na sociologia, buscando investigar e compreender a interferência destas ciências no que fere a aprendizagem da criança; dentre eles: Émile Durkheim (1858-1917) na sociologia, Pavlov (1849/1936) e B. Frederich Skinner (1904-1990) na psicologia. O filosofo e pedagogo John Dewey (1859-1952) também influênciu bastante a pedagogia atual, desenvolvendo o método da teoria funcional, a criança aprende fazendo. Ele foi um grande contribuinte da divulgação dos princípios da Escola Nova. Já a médica Maria Montessori (1870-1952) foi a primeira mulher a se formar em mediciana e a desenvolver um método de ensino, no qual ela defendia que a criança aprende da unidade para o todo e que a autoeducação era suficiente para garantir a aprendizagem. Foi Montessori também quem difundiu a concepção de construção de creches para atender filhos de operários. Contrário ao método montessoriana, Ovide Decroly (1871-1932) acreditava que a aprendizagem parte do todo para a unidade. No entanto o método de Célestin Freinet (1896-1966) valorizava e estimulava a cooperação, a iniciativa e a participação. Além dos teóricos já citados faz-se importante ressaltar os mais contemporâneos, pois muitas de suas teorias são ressônancia das teorias passadas, os que se destacam são: Jean Piaget (1896-1980) foi o responsável pela investigação da psicologia genética, fundamentada no desenvolvimento cognitivo do ser humano. Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) desenvolveu a teoria do desenvolvimento proximal, usando o conceito da mediação através do contato social. Emilia Ferreiro (1937) usou como fundamento a teoria de Piaget, seu mestre para desenvolver a concepção da psicogênese da escrita. Edgar Morin (1921) idealizou a teoria do pensamento complexo. Philippe Perrenoud (1944) desenvolve então o conceito da construção da competência. E aqui no Brasil surgiu o nome de Anísio Teixeira (1900-1971) e de Paulo Freire (1921-1997).
Os ensaios pedagogios foram fundamentais para o aparecimento de diversas teorias que buscam ao longo do tempo ajustar o ensino e a aprendizagem. Contudo ainda muitos ensaios continuam sendo realizados pelos teóricos da contemporaneidade na busca incessante de um método eficiente que possibilite a aprendizagem de todas as crianças, independente do seu estado físico e mental, por conta disto, agora mais do que nunca as ciências se atrelaram a pedagogia.
Estudar a História da Educação e da Pedagogia é um convite para conhecer os caminhos transitados por vários séculos pelos seres humanos na busca incansável de construir um mundo mais humano.

Resumo referenciado no livro: História da Educação e da Pedagogia: Geral e do Brasil. ARANHA, Maria L. Arruda. 3ª ed. rev. e ampl.- São Paulo: Moderna. 2006.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Oficina de Áudio



O universo tecnológico é formado por diferentes ambientes que jorram possibilidades de ensino e de aprendizagem, que a pouco tempo atrás eu não tinha ideia do quanto posso usá-los para melhorar a minha prática no ambiente escolar. A cada novo Ciclo novas descobertas do potencial que as novas tecnologias nos apontam.
O uso do áudio como instrumento educativo, por exemplo, é um recurso que promove a exploração de várias linguagens utilizadas no ambiento escolar, porém com o diferencial do lúdico, do atrativo, da criatividade, do descobrir fazendo, entre outras vantagens. No entanto só vir dar conta das possibilidades através da Oficina de Áudio, pois percebi que através do uso do áudio posso utilizar a língua escrita sendo reproduzida na língua oral. Como
aponta a professora de educação física Sandra Lúcia dos Santos, da Escola Municipal Rui Bloin, a rádio que funciona em sua unidade de ensino já exerce um importante papel pedagógico. “Os alunos mais tímidos ou com dificuldade nos esportes encontraram um excelente meio de expressão – podem falar sem precisar aparecer.”
Nesse depoimento da professora fica claro também o funcionamento da inclusão, pois todos terão chances de participar sem precisarem ser vistos.
Enfim, os aparatos tecnológicos são recursos que bem usados propiciam grandes desafios e bons resultados na aprendizagem dos nossos alunos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Retrospectiva Tecnológica

No dia 09/09/09 iniciou-se a Oficina de Áudio com os tutores Rita e Ariston. Eles levaram para o encontro alguns aparelhos tecnológicos, fazendo uma RETRÔ por esses avanços e também que o antigo não é considerado precisamente uma relíquia. O antigo pode ser conectado ao novo possibilitando uma viagem no tempo.
Usando "radiola" ou
vitrola", como queiram chamar, com os avanços tecnológicos da ERA DIGITAL podemos capturar sons do velho disco de vinil, esses objetos devem estar em bom estado de uso.
E as possibilidades de usar, manipular áudio é extensa com o Programa Audacity. No encontro do dia 18/09 aprendemos a utilizar as ferramentas deste programa na manipulação de áudio, acredito que muitas novidades irão surgir ao longo da Oficina, haja visto que ( eu, grupo e os nossos alunos) iremos produzir até mesmo um programa de rádio. Esperem para conferir, enquanto isso dêem um passeio por alguns dos avanços tecnológicos observando os slides... ... ... ... ...


segunda-feira, 13 de julho de 2009

PRODUÇÃO LIVRE/2009



PRODUÇÃO LIVRE - 2009

domingo, 28 de junho de 2009

RELATÓRIO DE CAMPO/ SOFT W ARE LIVRE

PROJETO IRECÊ CICLO DOIS 2009.2
ATIVIDADE SOFTWARE LIVRE
PROFESSORA: MARIA HELENA BONILLA

ORIENTAÇÃO: RÚBIA MARGARETH e FABRIZIA PIRES

CURSISTAS: EUMA PATRICIA E BRISA




Introdução Software Livre


"A estratégia não é obrigar a migração, mas dar condições para a migração tranquila”.

Marcos Mazoni

A pesquisa de campo realizada através da oficina de software livre, proposto pela professora Maria Helena Bonilla, tem como objetivo, fazer o mapeamento dos locais que faz uso do software Livre em Irecê, mapeando também as políticas públicas, as implicações e os impactos sociais, políticos e econômicos do uso do Software Livre, seja em esfera pública, seja em esfera privada.

Nos períodos dos meses de abril e maio realizações em alguns setores ireceenses a pesquisa de campo sobre o uso e a migração dos programas de Software Proprietário para os programas de Software Livre. O primeiro passo foi fazermos o levantamento dos locais que aderiram o uso do Software Livre. Tendo este em mãos visitamos alguns destes locais, entrevistamos os técnicos e/ou os responsáveis pelos estabelecimentos na ausência dos técnicos. Constatamos que o uso dos programas do SL vem crescendo consideravelmente, nos comércios, em algumas instituições, em especial as educacionais.

O Plano Diretor de Irecê, no Capítulo VIII, da ciência e da tecnologia, Art. 15 e inciso III, propõe: Implantar o uso de Software Livre no município como política pública voltada à universalização da cultura digital. Como o Plano Diretor não foi sancionado ainda, essa política pública não esta implantada, mas tenderá a beneficiar de forma produtiva a sociedade Ireceense, contribuindo com a inclusão digital, começando pela esfera educacional e depois envolvendo todas as demais esferas da administração pública. Isso demanda formação de professores, que já se iniciou com o curso de formação da UFBA através das oficinas oferecidas nos ciclos sobre software livre e o apoio do Ponto de Cultura.


Mapeamento dos locais entrevistados:


LOCAIS

PONTO DE CULTURA &TABULEIRO DIGITAL

FACED UFBA

INFOCENTE ESCOLA MUNICIPAL ZENALIA

TELECENTRO ESCOLA LUIZ VIANA FILHO

UAB UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

TELECENTRO ESCOLA MUNICIPAL ODETE

ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ FRANCISCO NUNES

EMBASA

LOJAS MAIA

Partindo dos dados levantados inicialmente nos locais que migraram do Software Proprietário para o Software Livre, foi possível perceber o crescimento da aderência dos programas ofertados pelo SL, em empresas, lojas, escolas do município de Irecê; entretanto o mais louvável são os investimento governamentais nos infocentros e telecentros, setores estes que dão acesso a muitos jovens, crianças e adultos, visando à inclusão digital. “Com a reorganização política da sociedade que se informatiza, a lógica do poder exige, paralelamente, uma reconfiguração política e do pensar nos meios de comunicação, extensiva à sua infra-estrutura (TIC)”. Rezende (2008, p.108)

Na exposição de Rezende podemos perceber que a sociedade evolui de acordo com as escolhas certas e conscientes. A adesão aos programas de SL dos que usam e defendem suas opções mostram o crescimento cultural e intelectual da sociedade, que param de pensar só no eu e promovem a possibilidade da inclusão tecnológica acontecer, através dos programas desenvolvidos pelo Governo Federal como criação e implantação de infocentros e laboratórios de informática.

Estamos aos poucos tendo acesso ao conhecimento sob o SWL. Em entrevista realizada no Ponto de Cultura ficamos encantados com o entusiasmo de Rita Antunes e Ariston Aduão, quando falavam do SL. São pessoas que aderiram para esta liberdade de usar o PC sem repressão e sim com o objetivo de pesquisar e construir conhecimento acerca do SL.

O Ponto de Cultura foi instalado no ano de 2005, porém a concepção veio antes, em 2003 através do curso de formação da UFBA. A Universidade é a responsável pela disseminação do SL em Irecê, visto que o mesmo já está se propagando para as micros e macros regiões de Irecê; ex: Morro do Chapéu, Aracy, Central, São Gabriel, entre outras, por meio da divulgação efetiva a respeito do SL realizada pelo Ponto de Cultura Ciberparque Anísio Teixeira. Eles têm agarrado a causa de disseminar a cultura da inclusão digital com afinco.

O mais interessante é que Rita e Ariston conheceram o SL no processo de Formação da primeira turma e hoje abrem caminhos para a difusão deste conhecimento, adquirido durante este processo.

No ponto de Cultura é usado o sistema operacional GNU/Linux e as distribuições são: Ubuntu 8,04 e 8,10 e Ubuntu Studio, e agora instalaram em uma máquina a nova versão do Ubuntu, 9, 04, para testar. Rita fez a ressalva, dizendo que o computador, a depender da capacidade de sua memória, pode não corresponder a uma nova versão do programa e o aconselhável é que o usuário continue usando o programa compatível a sua máquina.

O Ponto de Cultura, por ser o pioneiro no uso do SL desenvolve diversas ações como: palestras, cursos, oficinas e também dá assistência aos infocentros e telecentros; eles disponibilizam monitores para ajudar as pessoas na compreensão do funcionamento dos aplicativos e têm como objetivo a formação técnica de jovens entre 15 e 25 anos. Muitos destes tornaram-se monitores das escolas, telecentros e infocentros do município. O curso básico é oferecido para todas as idades.

No povoado de Itapicuru, localizado a pouco mais de sete quilômetros da cidade de Irecê, funciona um Infocentro com oito computadores todos com internet conectada. O professor Nelson Rodrigues é o monitor responsável pelo espaço. A Escola Municipal José Francisco Nunes também aderiu à migração para o SL, os funcionários relataram que no início sentiram um pouco de dificuldade, mas com o uso frequente e desprendimento do SP já conseguem manipular os programas com habilidade. É importante registrar que muitas outras escolas permanecem usando SP.

O Infocentro de Itapicuru foi implantado através do PROINFO, um programa do governo federal articulado com o MEC e os governos municipais que visa à concretização da inclusão digital dos alunos e funcionários. Os computadores chegaram configurados com os programas do sistema operacional Linux educacional, programas estes que auxiliam nas pesquisas dos alunos, com parceria a Secretaria Municipal de Educação e ponto de cultura. O professor Nelson disse que os alunos não tiveram muitas dificuldades no uso dos programas não, porém o que precisa ser monitorado com maior atenção é o uso da internet, por conta de quererem acessar sites indevidos. Ele defende o uso do SL, e por não ser um programa pago, acredita no aumento da chance de muitos que não podem comprar um computador não se privarem deste acesso, já que o Infocentro é para uso de todos. Outra vantagem que ele assinalou foi sobre a manutenção: “as máquinas dificilmente dão problema, mas se surgem, o pessoal do Ponto de Cultural está sempre à disposição para nos ajudar”.

Devido à ação conjunta do PROINFO/MEC, dos governos municipal e federal a Escola também foi beneficiada com 5 computadores, estes com o programa educional Linux. Estas conquistas estão proporcionando a inclusão digital de um grande número de pessoas da comunidade de Itapicuru, e o principal, tendo acesso aos programas do SL desde cedo, como os alunos de 06 anos; esta comunidade não só terá o privilegio de formar cidadãos com conhecimentos tecnológicos, mas cidadãos conscientes e defensores dos direitos que lhes são garantidos.

O técnico da empresa baiana de águas e saneamento (Embasa), Carlos Ribeiro, conheceu o sistema operacional Linux através do curso promovido pela empresa, com a finalidade de capacitar seus funcionários pelo motivo da mesma migrar para o uso dos programas do SL. O objetivo da empresa era adequar os programas as suas necessidades, e sabendo que o mesmo permitia o acesso de mexer nos programas, por conta do código fonte ser aberto, instalou em todos os computadores da empresa o SL. Por não existir uma política pública estadual que priorize o uso e a migração do SL a ação dotada pela embasa de migração não esta vinculada a uma política pública e sim a uma autonomia tecnológica.

“Por ter sido uma situação nova para todos os funcionários habituados a usar o SP, o choque da mudança aconteceu, assim como a rejeição, mas após o contato, hoje acham que o SL é tão possível de ser utilizado com habilidade quanto o SP, ou talvez mais por considerarem que temos a liberdade de modificá-lo”, fala Carlos Ribeiro. Uma das vantagens da embasa foi sentida no orçamento, o custo com os programas diminui por permitir cópias, e a manutenção é menos freqüente.

A loja Maia se difere das demais lojas de Irecê por utilizar o Software Livre parcialmente. O gerente, Sr. Jonas Santos, não soube nos informar o porquê da migração, quando ele foi nomeado gerente da loja toda rede já utilizava o SL em todo setor financeiro.

Os funcionários da loja não foram capacitados. Usam mas não têm conhecimento especifico sobre o programa e os aplicativos utilizados. Quanto à manutenção, esta é feita por um técnico de João Pessoa, visto que a empresa tem um centro de tecnologia que assiste toda a rede.

As máquinas que são vendidas na loja chegam com o sistema operacional Linux pré instalados, por conta da redução dos impostos, tornado-as com um custo mais baixo para os consumidores. No entanto, a maioria dos consumidores preferem retirar o Software Livre para e instalar o Windows, pirateado, pela falta de informação.

O monitor do infocentro da Escola Municipal Luiz Viana, Dino Estevão dos Santos, conheceu o Software Livre há três anos através do Ponto de Cultura, onde foi voluntário e participou do projeto primeiro emprego. Dino Estevão afirma que lá teve a oportunidade de receber capacitação sobre informática e software livre e, para atualizar seus conhecimentos e tirar dúvidas, utiliza cursos on-line e apostilas.

O Projeto de implantação do infocentro está ligado a uma Política Pública do Governo Federal em parceria com o MEC e o governo municipal, portanto todos os computadores chegam com o programa operacional Linux Educacional já instalado. A articulação da prefeitura foi fundamental cedendo o espaço, os móveis e a mão de obra. O espaço é aberto para professores, alunos e funcionários. No início, as pessoas sentiam uma certa dificuldade no uso. Mas com o conhecimento básico, os usuários conseguem manipular os programas.

A concepção de migração para o uso do SL vem atrelada à democratização da inclusão digital, já que os usuários não precisam pagar pelos programas nem pirateá-los, pois os mesmos são gratuitos e qualquer pessoa pode instalá-los nos seus computadores. Segundo o que lemos na Cartilha de Software Livre (2005, p.15), Software Livre é uma questão de liberdade, não de preço.

O SL se tornou uma Política Pública do Governo Federal que defende a migração, em demonstração da defesa que o presidente faz junto às secretarias de Cultura e de Educação, o mesmo institui comitês técnicos com o objetivo de disseminar a cultura da inclusão digital através do SL, Decreto de 29 de outubro de 2003.

O SL é referência em confiabilidade e algumas empresas já estão migrando para o SL cada uma especificamente para execução de demandas relativas, como por exemplo: para arquivar documentos, transações financeiras, enfim para adequá-lo as necessidades das empresas ou instituições por permitir as quatro liberdades: copiar, executar, modificar e redistribuir.

CONCLUSÃO:

As pesquisas que realizamos nos possibilitaram adquirir novas e desconhecidas informações do uso consciente dos programas instalados nos nossos computadores, reconhecendo as vantagens e desvantagens dos mesmos. Percebemos que as vantagens sobressaem às desvantagens, visto que o SL não é uma empresa de um único dono, e sim, são formados por uma rede de hackers colaboradores, com princípios éticos, defensores da cooperação e da disseminação do conhecimento através da liberdade da informação (CARTILHA SL. 2005 p.12). Eles são técnicos e conhecedores do código fonte, e combatem constantemente a invasão dos crackers que são os responsáveis pela disposição de vírus capazes de destruir o funcionamento da máquina.

O software Proprietário monopoliza grande parte dos usuários e empresas, escondendo o código fonte como segredo comercial; enquanto o software livre proporciona a liberdade de escolha, os usuários têm a liberdade de: copiar, executar, modificar e redistribuir. As pessoas que tem o conhecimento técnico têm acesso ao código fonte que dá acesso e liberdade para modificação e criação de novos softwares, e isso dá idéia de compartilhar conhecimento e de cooperação. O SL surge da necessidade de deixarmos de ser meros usuários/consumidores de tecnologia passar a usá-la como forma estruturante do ensino x aprendizagem e deixar de ser consumidores de informação para produtores de cultura e conhecimento. (CARTILHA SL. 2005 p.9-15).

É importante ressaltar que a concepção da cultura do uso dos programas de Software Livre, desenvolvidos pelo projeto GNU/Linux, começou a ser disseminada na região de Irecê em 2003, principalmente, através do Programa de Formação Continuada de Professores em parceria da UFBA (Universidade Federal da Bahia) com a prefeitura Municipal de Irecê.

Até então, este era um programa desconhecido ou recusado por muitos que não o conhecia e/ou o conhecia de forma conturbada, por conta da distorção elencada por empresas vinculadas aos cursos de computação e a mídia em geral que tem um poder argumentativo inacreditável.

Apesar dos investimentos e das conquistas vinculadas a ações de caráter político, como a implantação do Ponto de Cultura, do Tabuleiro Digital e do Laboratório de Informática da UFBA/FACED, percebemos que há uma contradição no tocante aos órgãos públicos do município que não usam os programas de SL.

Vale ressaltar que, todo esse movimento de inclusão digital e software livre continua beneficiando a segunda turma de pedagogia UFBA-IRECÊ visando à formação dos docentes atuantes do município. Juntos, UFBA e a Prefeitura Municipal de Irecê desenvolveram o projeto de inclusão digital, já que é sabido que o curso era e é semi-presencial, e para tanto, o uso do computador como elemento viabilizador da comunicação entre professores e cursista se fez indispensável.

Por ser o uso dos programas de SL uma filosofia social e de segurança defendida pelos professores que abraçam a proposta de realizar esse trabalho de formação no município, este foi o primeiro passo para a inclusão digital em Irecê. As entrevistas e visitas realizadas contribuíram bastante para a nossa aprendizagem acerca desse movimento de software livre e inclusão sócio digital.

Hoje enxergamos o software livre como instrumento fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Sérgio Amadeu:

Este processo de desenvolvimento colaborativo e horizontal foi denominado por Eric Raymond, hacker e liberal norte-americano, modelo “bazar” de construção de software. Já a indústria de software proprietário utiliza o modelo fechado e hierarquizado que Raymond chamou de “catedral”. A verticalização e a burocratização do modelo proprietário não conseguem fazer frente à enorme efervescência do modelo centrado na colaboração e na interação de milhares de pessoas, tais como em uma feira, em um bazar. (SILVEIRA, 2004, P. 63).

Por ser um programa que prioriza a horizontalidade, muitas dificuldades e confusões têm surgido no contexto do Software Livre, porém nada de anormal estranhar o novo, mas com persistência estamos descobrindo que é possível uma migração total. Muitos ainda confundem Software Livre com Software Grátis, fato inconsistente, porque a liberdade associada ao Software Livre de copiar, modificar e redistribuir independe de gratuidade. Também não se conhece de forma adequada as ferramentas de Software Livre, atualmente disponíveis no mercado, para aplicação nas organizações, implicando dúvidas quanto à viabilidade de aplicação, atendimento de requisitos funcionais, relação de custo/benefício, necessidades de implantação e treinamento, dentre outras.

O software livre ganha força em nosso país por está articulado a política pública do governo federal que acredita na filosofia de liberdade propagada pelo o programa, sendo o mesmo acessivel e o código fonte aberto para as adequações necessárias, baixando o custo tecnológico e permitindo a criação de programas. Os investimentos e as ações são muitos na área da educação em parceria com o MEC e o ministério da Cultura. Muitas cidades são contempladas com telecentros. No entanto notamos que ainda falta mais engajamento político, ou melhor, apoio político ao governo federal. Muitos estados, a exemplo da Bahia não apóiam o decreto instituído pelo presidente.

No entanto é crescente a adesão do SL, a credibilidade do SP está perdendo o espaço. Isto acontece graças ao contato desde de cedo das crianças e dos jovens que fazem partem da inclusão digital. Daí vem a relevancia dos investimentos das políticas públicas nos âmbitos tecnológicos, pois as mesmas quando bem elaboradas e executadas dão chances de igualdade social e de conhecimento a todos os seres humanos, independente de suas situações financeiras.


REFERÊNCIAS

CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE, projeto software livre BAHIA, 2 Edição, Abril 2005.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 63. Disponível em http://jacksonmedeiros.files.wordpress.com/