PROJETO IRECÊ CICLO DOIS 2009.2
ATIVIDADE SOFTWARE LIVRE
PROFESSORA: MARIA HELENA BONILLA
ORIENTAÇÃO: RÚBIA MARGARETH e FABRIZIA PIRES
CURSISTAS: EUMA PATRICIA E BRISA
Introdução Software Livre
"A estratégia não é obrigar a migração, mas dar condições para a migração tranquila”.
Marcos Mazoni
A pesquisa de campo realizada através da oficina de software livre, proposto pela professora Maria Helena Bonilla, tem como objetivo, fazer o mapeamento dos locais que faz uso do software Livre em Irecê, mapeando também as políticas públicas, as implicações e os impactos sociais, políticos e econômicos do uso do Software Livre, seja em esfera pública, seja em esfera privada.
Nos períodos dos meses de abril e maio realizações em alguns setores ireceenses a pesquisa de campo sobre o uso e a migração dos programas de Software Proprietário para os programas de Software Livre. O primeiro passo foi fazermos o levantamento dos locais que aderiram o uso do Software Livre. Tendo este em mãos visitamos alguns destes locais, entrevistamos os técnicos e/ou os responsáveis pelos estabelecimentos na ausência dos técnicos. Constatamos que o uso dos programas do SL vem crescendo consideravelmente, nos comércios, em algumas instituições, em especial as educacionais.
O Plano Diretor de Irecê, no Capítulo VIII, da ciência e da tecnologia, Art. 15 e inciso III, propõe: Implantar o uso de Software Livre no município como política pública voltada à universalização da cultura digital. Como o Plano Diretor não foi sancionado ainda, essa política pública não esta implantada, mas tenderá a beneficiar de forma produtiva a sociedade Ireceense, contribuindo com a inclusão digital, começando pela esfera educacional e depois envolvendo todas as demais esferas da administração pública. Isso demanda formação de professores, que já se iniciou com o curso de formação da UFBA através das oficinas oferecidas nos ciclos sobre software livre e o apoio do Ponto de Cultura.
Mapeamento dos locais entrevistados:
LOCAIS |
PONTO DE CULTURA &TABULEIRO DIGITAL |
FACED UFBA |
INFOCENTE ESCOLA MUNICIPAL ZENALIA |
TELECENTRO ESCOLA LUIZ VIANA FILHO |
UAB UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL |
TELECENTRO ESCOLA MUNICIPAL ODETE |
ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ FRANCISCO NUNES |
EMBASA |
LOJAS MAIA |
Partindo dos dados levantados inicialmente nos locais que migraram do Software Proprietário para o Software Livre, foi possível perceber o crescimento da aderência dos programas ofertados pelo SL, em empresas, lojas, escolas do município de Irecê; entretanto o mais louvável são os investimento governamentais nos infocentros e telecentros, setores estes que dão acesso a muitos jovens, crianças e adultos, visando à inclusão digital. “Com a reorganização política da sociedade que se informatiza, a lógica do poder exige, paralelamente, uma reconfiguração política e do pensar nos meios de comunicação, extensiva à sua infra-estrutura (TIC)”. Rezende (2008, p.108)
Na exposição de Rezende podemos perceber que a sociedade evolui de acordo com as escolhas certas e conscientes. A adesão aos programas de SL dos que usam e defendem suas opções mostram o crescimento cultural e intelectual da sociedade, que param de pensar só no eu e promovem a possibilidade da inclusão tecnológica acontecer, através dos programas desenvolvidos pelo Governo Federal como criação e implantação de infocentros e laboratórios de informática.
Estamos aos poucos tendo acesso ao conhecimento sob o SWL. Em entrevista realizada no Ponto de Cultura ficamos encantados com o entusiasmo de Rita Antunes e Ariston Aduão, quando falavam do SL. São pessoas que aderiram para esta liberdade de usar o PC sem repressão e sim com o objetivo de pesquisar e construir conhecimento acerca do SL.
O Ponto de Cultura foi instalado no ano de 2005, porém a concepção veio antes, em 2003 através do curso de formação da UFBA. A Universidade é a responsável pela disseminação do SL em Irecê, visto que o mesmo já está se propagando para as micros e macros regiões de Irecê; ex: Morro do Chapéu, Aracy, Central, São Gabriel, entre outras, por meio da divulgação efetiva a respeito do SL realizada pelo Ponto de Cultura Ciberparque Anísio Teixeira. Eles têm agarrado a causa de disseminar a cultura da inclusão digital com afinco.
O mais interessante é que Rita e Ariston conheceram o SL no processo de Formação da primeira turma e hoje abrem caminhos para a difusão deste conhecimento, adquirido durante este processo.
No ponto de Cultura é usado o sistema operacional GNU/Linux e as distribuições são: Ubuntu 8,04 e 8,10 e Ubuntu Studio, e agora instalaram em uma máquina a nova versão do Ubuntu, 9, 04, para testar. Rita fez a ressalva, dizendo que o computador, a depender da capacidade de sua memória, pode não corresponder a uma nova versão do programa e o aconselhável é que o usuário continue usando o programa compatível a sua máquina.
O Ponto de Cultura, por ser o pioneiro no uso do SL desenvolve diversas ações como: palestras, cursos, oficinas e também dá assistência aos infocentros e telecentros; eles disponibilizam monitores para ajudar as pessoas na compreensão do funcionamento dos aplicativos e têm como objetivo a formação técnica de jovens entre 15 e 25 anos. Muitos destes tornaram-se monitores das escolas, telecentros e infocentros do município. O curso básico é oferecido para todas as idades.
No povoado de Itapicuru, localizado a pouco mais de sete quilômetros da cidade de Irecê, funciona um Infocentro com oito computadores todos com internet conectada. O professor Nelson Rodrigues é o monitor responsável pelo espaço. A Escola Municipal José Francisco Nunes também aderiu à migração para o SL, os funcionários relataram que no início sentiram um pouco de dificuldade, mas com o uso frequente e desprendimento do SP já conseguem manipular os programas com habilidade. É importante registrar que muitas outras escolas permanecem usando SP.
O Infocentro de Itapicuru foi implantado através do PROINFO, um programa do governo federal articulado com o MEC e os governos municipais que visa à concretização da inclusão digital dos alunos e funcionários. Os computadores chegaram configurados com os programas do sistema operacional Linux educacional, programas estes que auxiliam nas pesquisas dos alunos, com parceria a Secretaria Municipal de Educação e ponto de cultura. O professor Nelson disse que os alunos não tiveram muitas dificuldades no uso dos programas não, porém o que precisa ser monitorado com maior atenção é o uso da internet, por conta de quererem acessar sites indevidos. Ele defende o uso do SL, e por não ser um programa pago, acredita no aumento da chance de muitos que não podem comprar um computador não se privarem deste acesso, já que o Infocentro é para uso de todos. Outra vantagem que ele assinalou foi sobre a manutenção: “as máquinas dificilmente dão problema, mas se surgem, o pessoal do Ponto de Cultural está sempre à disposição para nos ajudar”.
Devido à ação conjunta do PROINFO/MEC, dos governos municipal e federal a Escola também foi beneficiada com 5 computadores, estes com o programa educional Linux. Estas conquistas estão proporcionando a inclusão digital de um grande número de pessoas da comunidade de Itapicuru, e o principal, tendo acesso aos programas do SL desde cedo, como os alunos de 06 anos; esta comunidade não só terá o privilegio de formar cidadãos com conhecimentos tecnológicos, mas cidadãos conscientes e defensores dos direitos que lhes são garantidos.
O técnico da empresa baiana de águas e saneamento (Embasa), Carlos Ribeiro, conheceu o sistema operacional Linux através do curso promovido pela empresa, com a finalidade de capacitar seus funcionários pelo motivo da mesma migrar para o uso dos programas do SL. O objetivo da empresa era adequar os programas as suas necessidades, e sabendo que o mesmo permitia o acesso de mexer nos programas, por conta do código fonte ser aberto, instalou em todos os computadores da empresa o SL. Por não existir uma política pública estadual que priorize o uso e a migração do SL a ação dotada pela embasa de migração não esta vinculada a uma política pública e sim a uma autonomia tecnológica.
“Por ter sido uma situação nova para todos os funcionários habituados a usar o SP, o choque da mudança aconteceu, assim como a rejeição, mas após o contato, hoje acham que o SL é tão possível de ser utilizado com habilidade quanto o SP, ou talvez mais por considerarem que temos a liberdade de modificá-lo”, fala Carlos Ribeiro. Uma das vantagens da embasa foi sentida no orçamento, o custo com os programas diminui por permitir cópias, e a manutenção é menos freqüente.
A loja Maia se difere das demais lojas de Irecê por utilizar o Software Livre parcialmente. O gerente, Sr. Jonas Santos, não soube nos informar o porquê da migração, quando ele foi nomeado gerente da loja toda rede já utilizava o SL em todo setor financeiro.
Os funcionários da loja não foram capacitados. Usam mas não têm conhecimento especifico sobre o programa e os aplicativos utilizados. Quanto à manutenção, esta é feita por um técnico de João Pessoa, visto que a empresa tem um centro de tecnologia que assiste toda a rede.
As máquinas que são vendidas na loja chegam com o sistema operacional Linux pré instalados, por conta da redução dos impostos, tornado-as com um custo mais baixo para os consumidores. No entanto, a maioria dos consumidores preferem retirar o Software Livre para e instalar o Windows, pirateado, pela falta de informação.
O monitor do infocentro da Escola Municipal Luiz Viana, Dino Estevão dos Santos, conheceu o Software Livre há três anos através do Ponto de Cultura, onde foi voluntário e participou do projeto primeiro emprego. Dino Estevão afirma que lá teve a oportunidade de receber capacitação sobre informática e software livre e, para atualizar seus conhecimentos e tirar dúvidas, utiliza cursos on-line e apostilas.
O Projeto de implantação do infocentro está ligado a uma Política Pública do Governo Federal em parceria com o MEC e o governo municipal, portanto todos os computadores chegam com o programa operacional Linux Educacional já instalado. A articulação da prefeitura foi fundamental cedendo o espaço, os móveis e a mão de obra. O espaço é aberto para professores, alunos e funcionários. No início, as pessoas sentiam uma certa dificuldade no uso. Mas com o conhecimento básico, os usuários conseguem manipular os programas.
A concepção de migração para o uso do SL vem atrelada à democratização da inclusão digital, já que os usuários não precisam pagar pelos programas nem pirateá-los, pois os mesmos são gratuitos e qualquer pessoa pode instalá-los nos seus computadores. Segundo o que lemos na Cartilha de Software Livre (2005, p.15), Software Livre é uma questão de liberdade, não de preço.
O SL se tornou uma Política Pública do Governo Federal que defende a migração, em demonstração da defesa que o presidente faz junto às secretarias de Cultura e de Educação, o mesmo institui comitês técnicos com o objetivo de disseminar a cultura da inclusão digital através do SL, Decreto de 29 de outubro de 2003.
O SL é referência em confiabilidade e algumas empresas já estão migrando para o SL cada uma especificamente para execução de demandas relativas, como por exemplo: para arquivar documentos, transações financeiras, enfim para adequá-lo as necessidades das empresas ou instituições por permitir as quatro liberdades: copiar, executar, modificar e redistribuir.
CONCLUSÃO:
As pesquisas que realizamos nos possibilitaram adquirir novas e desconhecidas informações do uso consciente dos programas instalados nos nossos computadores, reconhecendo as vantagens e desvantagens dos mesmos. Percebemos que as vantagens sobressaem às desvantagens, visto que o SL não é uma empresa de um único dono, e sim, são formados por uma rede de hackers colaboradores, com princípios éticos, defensores da cooperação e da disseminação do conhecimento através da liberdade da informação (CARTILHA SL. 2005 p.12). Eles são técnicos e conhecedores do código fonte, e combatem constantemente a invasão dos crackers que são os responsáveis pela disposição de vírus capazes de destruir o funcionamento da máquina.
O software Proprietário monopoliza grande parte dos usuários e empresas, escondendo o código fonte como segredo comercial; enquanto o software livre proporciona a liberdade de escolha, os usuários têm a liberdade de: copiar, executar, modificar e redistribuir. As pessoas que tem o conhecimento técnico têm acesso ao código fonte que dá acesso e liberdade para modificação e criação de novos softwares, e isso dá idéia de compartilhar conhecimento e de cooperação. O SL surge da necessidade de deixarmos de ser meros usuários/consumidores de tecnologia passar a usá-la como forma estruturante do ensino x aprendizagem e deixar de ser consumidores de informação para produtores de cultura e conhecimento. (CARTILHA SL. 2005 p.9-15).
É importante ressaltar que a concepção da cultura do uso dos programas de Software Livre, desenvolvidos pelo projeto GNU/Linux, começou a ser disseminada na região de Irecê em 2003, principalmente, através do Programa de Formação Continuada de Professores em parceria da UFBA (Universidade Federal da Bahia) com a prefeitura Municipal de Irecê.
Até então, este era um programa desconhecido ou recusado por muitos que não o conhecia e/ou o conhecia de forma conturbada, por conta da distorção elencada por empresas vinculadas aos cursos de computação e a mídia em geral que tem um poder argumentativo inacreditável.
Apesar dos investimentos e das conquistas vinculadas a ações de caráter político, como a implantação do Ponto de Cultura, do Tabuleiro Digital e do Laboratório de Informática da UFBA/FACED, percebemos que há uma contradição no tocante aos órgãos públicos do município que não usam os programas de SL.
Vale ressaltar que, todo esse movimento de inclusão digital e software livre continua beneficiando a segunda turma de pedagogia UFBA-IRECÊ visando à formação dos docentes atuantes do município. Juntos, UFBA e a Prefeitura Municipal de Irecê desenvolveram o projeto de inclusão digital, já que é sabido que o curso era e é semi-presencial, e para tanto, o uso do computador como elemento viabilizador da comunicação entre professores e cursista se fez indispensável.
Por ser o uso dos programas de SL uma filosofia social e de segurança defendida pelos professores que abraçam a proposta de realizar esse trabalho de formação no município, este foi o primeiro passo para a inclusão digital
Hoje enxergamos o software livre como instrumento fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Sérgio Amadeu:
Este processo de desenvolvimento colaborativo e horizontal foi denominado por Eric Raymond, hacker e liberal norte-americano, modelo “bazar” de construção de software. Já a indústria de software proprietário utiliza o modelo fechado e hierarquizado que Raymond chamou de “catedral”. A verticalização e a burocratização do modelo proprietário não conseguem fazer frente à enorme efervescência do modelo centrado na colaboração e na interação de milhares de pessoas, tais como em uma feira, em um bazar. (SILVEIRA, 2004, P. 63).
Por ser um programa que prioriza a horizontalidade, muitas dificuldades e confusões têm surgido no contexto do Software Livre, porém nada de anormal estranhar o novo, mas com persistência estamos descobrindo que é possível uma migração total. Muitos ainda confundem Software Livre com Software Grátis, fato inconsistente, porque a liberdade associada ao Software Livre de copiar, modificar e redistribuir independe de gratuidade. Também não se conhece de forma adequada as ferramentas de Software Livre, atualmente disponíveis no mercado, para aplicação nas organizações, implicando dúvidas quanto à viabilidade de aplicação, atendimento de requisitos funcionais, relação de custo/benefício, necessidades de implantação e treinamento, dentre outras.
O software livre ganha força em nosso país por está articulado a política pública do governo federal que acredita na filosofia de liberdade propagada pelo o programa, sendo o mesmo acessivel e o código fonte aberto para as adequações necessárias, baixando o custo tecnológico e permitindo a criação de programas. Os investimentos e as ações são muitos na área da educação em parceria com o MEC e o ministério da Cultura. Muitas cidades são contempladas com telecentros. No entanto notamos que ainda falta mais engajamento político, ou melhor, apoio político ao governo federal. Muitos estados, a exemplo da Bahia não apóiam o decreto instituído pelo presidente.
No entanto é crescente a adesão do SL, a credibilidade do SP está perdendo o espaço. Isto acontece graças ao contato desde de cedo das crianças e dos jovens que fazem partem da inclusão digital. Daí vem a relevancia dos investimentos das políticas públicas nos âmbitos tecnológicos, pois as mesmas quando bem elaboradas e executadas dão chances de igualdade social e de conhecimento a todos os seres humanos, independente de suas situações financeiras.
REFERÊNCIAS
CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE, projeto software livre BAHIA, 2 Edição, Abril 2005.
SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 63. Disponível em http://jacksonmedeiros.files.wordpress.com/
Um comentário:
Olá Brisa,
o relatório ficou bem melhor agora. Gostei dos links, do atendimento às normas da ABNT e também do aprofundamento das discussões sobre o tema. É assim que vamos fortalecendo nossa capacidade de análise e expressão. Parabéns!!!
Sobre o blog, vc precisa trazer mais reflexões sobre as vivências nas atividades do ciclo, mostrando tua caminhada ao longo do curso. Faça isso sempre, até o final do curso. Aproveite este espaço para mostrar tuas ideias, interesses, potencialidades. Traga imagens, vídeos, cores, movimento para o blog.
um abraço
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