domingo, 28 de junho de 2009

RELATÓRIO DE CAMPO/ SOFT W ARE LIVRE

PROJETO IRECÊ CICLO DOIS 2009.2
ATIVIDADE SOFTWARE LIVRE
PROFESSORA: MARIA HELENA BONILLA

ORIENTAÇÃO: RÚBIA MARGARETH e FABRIZIA PIRES

CURSISTAS: EUMA PATRICIA E BRISA




Introdução Software Livre


"A estratégia não é obrigar a migração, mas dar condições para a migração tranquila”.

Marcos Mazoni

A pesquisa de campo realizada através da oficina de software livre, proposto pela professora Maria Helena Bonilla, tem como objetivo, fazer o mapeamento dos locais que faz uso do software Livre em Irecê, mapeando também as políticas públicas, as implicações e os impactos sociais, políticos e econômicos do uso do Software Livre, seja em esfera pública, seja em esfera privada.

Nos períodos dos meses de abril e maio realizações em alguns setores ireceenses a pesquisa de campo sobre o uso e a migração dos programas de Software Proprietário para os programas de Software Livre. O primeiro passo foi fazermos o levantamento dos locais que aderiram o uso do Software Livre. Tendo este em mãos visitamos alguns destes locais, entrevistamos os técnicos e/ou os responsáveis pelos estabelecimentos na ausência dos técnicos. Constatamos que o uso dos programas do SL vem crescendo consideravelmente, nos comércios, em algumas instituições, em especial as educacionais.

O Plano Diretor de Irecê, no Capítulo VIII, da ciência e da tecnologia, Art. 15 e inciso III, propõe: Implantar o uso de Software Livre no município como política pública voltada à universalização da cultura digital. Como o Plano Diretor não foi sancionado ainda, essa política pública não esta implantada, mas tenderá a beneficiar de forma produtiva a sociedade Ireceense, contribuindo com a inclusão digital, começando pela esfera educacional e depois envolvendo todas as demais esferas da administração pública. Isso demanda formação de professores, que já se iniciou com o curso de formação da UFBA através das oficinas oferecidas nos ciclos sobre software livre e o apoio do Ponto de Cultura.


Mapeamento dos locais entrevistados:


LOCAIS

PONTO DE CULTURA &TABULEIRO DIGITAL

FACED UFBA

INFOCENTE ESCOLA MUNICIPAL ZENALIA

TELECENTRO ESCOLA LUIZ VIANA FILHO

UAB UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

TELECENTRO ESCOLA MUNICIPAL ODETE

ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ FRANCISCO NUNES

EMBASA

LOJAS MAIA

Partindo dos dados levantados inicialmente nos locais que migraram do Software Proprietário para o Software Livre, foi possível perceber o crescimento da aderência dos programas ofertados pelo SL, em empresas, lojas, escolas do município de Irecê; entretanto o mais louvável são os investimento governamentais nos infocentros e telecentros, setores estes que dão acesso a muitos jovens, crianças e adultos, visando à inclusão digital. “Com a reorganização política da sociedade que se informatiza, a lógica do poder exige, paralelamente, uma reconfiguração política e do pensar nos meios de comunicação, extensiva à sua infra-estrutura (TIC)”. Rezende (2008, p.108)

Na exposição de Rezende podemos perceber que a sociedade evolui de acordo com as escolhas certas e conscientes. A adesão aos programas de SL dos que usam e defendem suas opções mostram o crescimento cultural e intelectual da sociedade, que param de pensar só no eu e promovem a possibilidade da inclusão tecnológica acontecer, através dos programas desenvolvidos pelo Governo Federal como criação e implantação de infocentros e laboratórios de informática.

Estamos aos poucos tendo acesso ao conhecimento sob o SWL. Em entrevista realizada no Ponto de Cultura ficamos encantados com o entusiasmo de Rita Antunes e Ariston Aduão, quando falavam do SL. São pessoas que aderiram para esta liberdade de usar o PC sem repressão e sim com o objetivo de pesquisar e construir conhecimento acerca do SL.

O Ponto de Cultura foi instalado no ano de 2005, porém a concepção veio antes, em 2003 através do curso de formação da UFBA. A Universidade é a responsável pela disseminação do SL em Irecê, visto que o mesmo já está se propagando para as micros e macros regiões de Irecê; ex: Morro do Chapéu, Aracy, Central, São Gabriel, entre outras, por meio da divulgação efetiva a respeito do SL realizada pelo Ponto de Cultura Ciberparque Anísio Teixeira. Eles têm agarrado a causa de disseminar a cultura da inclusão digital com afinco.

O mais interessante é que Rita e Ariston conheceram o SL no processo de Formação da primeira turma e hoje abrem caminhos para a difusão deste conhecimento, adquirido durante este processo.

No ponto de Cultura é usado o sistema operacional GNU/Linux e as distribuições são: Ubuntu 8,04 e 8,10 e Ubuntu Studio, e agora instalaram em uma máquina a nova versão do Ubuntu, 9, 04, para testar. Rita fez a ressalva, dizendo que o computador, a depender da capacidade de sua memória, pode não corresponder a uma nova versão do programa e o aconselhável é que o usuário continue usando o programa compatível a sua máquina.

O Ponto de Cultura, por ser o pioneiro no uso do SL desenvolve diversas ações como: palestras, cursos, oficinas e também dá assistência aos infocentros e telecentros; eles disponibilizam monitores para ajudar as pessoas na compreensão do funcionamento dos aplicativos e têm como objetivo a formação técnica de jovens entre 15 e 25 anos. Muitos destes tornaram-se monitores das escolas, telecentros e infocentros do município. O curso básico é oferecido para todas as idades.

No povoado de Itapicuru, localizado a pouco mais de sete quilômetros da cidade de Irecê, funciona um Infocentro com oito computadores todos com internet conectada. O professor Nelson Rodrigues é o monitor responsável pelo espaço. A Escola Municipal José Francisco Nunes também aderiu à migração para o SL, os funcionários relataram que no início sentiram um pouco de dificuldade, mas com o uso frequente e desprendimento do SP já conseguem manipular os programas com habilidade. É importante registrar que muitas outras escolas permanecem usando SP.

O Infocentro de Itapicuru foi implantado através do PROINFO, um programa do governo federal articulado com o MEC e os governos municipais que visa à concretização da inclusão digital dos alunos e funcionários. Os computadores chegaram configurados com os programas do sistema operacional Linux educacional, programas estes que auxiliam nas pesquisas dos alunos, com parceria a Secretaria Municipal de Educação e ponto de cultura. O professor Nelson disse que os alunos não tiveram muitas dificuldades no uso dos programas não, porém o que precisa ser monitorado com maior atenção é o uso da internet, por conta de quererem acessar sites indevidos. Ele defende o uso do SL, e por não ser um programa pago, acredita no aumento da chance de muitos que não podem comprar um computador não se privarem deste acesso, já que o Infocentro é para uso de todos. Outra vantagem que ele assinalou foi sobre a manutenção: “as máquinas dificilmente dão problema, mas se surgem, o pessoal do Ponto de Cultural está sempre à disposição para nos ajudar”.

Devido à ação conjunta do PROINFO/MEC, dos governos municipal e federal a Escola também foi beneficiada com 5 computadores, estes com o programa educional Linux. Estas conquistas estão proporcionando a inclusão digital de um grande número de pessoas da comunidade de Itapicuru, e o principal, tendo acesso aos programas do SL desde cedo, como os alunos de 06 anos; esta comunidade não só terá o privilegio de formar cidadãos com conhecimentos tecnológicos, mas cidadãos conscientes e defensores dos direitos que lhes são garantidos.

O técnico da empresa baiana de águas e saneamento (Embasa), Carlos Ribeiro, conheceu o sistema operacional Linux através do curso promovido pela empresa, com a finalidade de capacitar seus funcionários pelo motivo da mesma migrar para o uso dos programas do SL. O objetivo da empresa era adequar os programas as suas necessidades, e sabendo que o mesmo permitia o acesso de mexer nos programas, por conta do código fonte ser aberto, instalou em todos os computadores da empresa o SL. Por não existir uma política pública estadual que priorize o uso e a migração do SL a ação dotada pela embasa de migração não esta vinculada a uma política pública e sim a uma autonomia tecnológica.

“Por ter sido uma situação nova para todos os funcionários habituados a usar o SP, o choque da mudança aconteceu, assim como a rejeição, mas após o contato, hoje acham que o SL é tão possível de ser utilizado com habilidade quanto o SP, ou talvez mais por considerarem que temos a liberdade de modificá-lo”, fala Carlos Ribeiro. Uma das vantagens da embasa foi sentida no orçamento, o custo com os programas diminui por permitir cópias, e a manutenção é menos freqüente.

A loja Maia se difere das demais lojas de Irecê por utilizar o Software Livre parcialmente. O gerente, Sr. Jonas Santos, não soube nos informar o porquê da migração, quando ele foi nomeado gerente da loja toda rede já utilizava o SL em todo setor financeiro.

Os funcionários da loja não foram capacitados. Usam mas não têm conhecimento especifico sobre o programa e os aplicativos utilizados. Quanto à manutenção, esta é feita por um técnico de João Pessoa, visto que a empresa tem um centro de tecnologia que assiste toda a rede.

As máquinas que são vendidas na loja chegam com o sistema operacional Linux pré instalados, por conta da redução dos impostos, tornado-as com um custo mais baixo para os consumidores. No entanto, a maioria dos consumidores preferem retirar o Software Livre para e instalar o Windows, pirateado, pela falta de informação.

O monitor do infocentro da Escola Municipal Luiz Viana, Dino Estevão dos Santos, conheceu o Software Livre há três anos através do Ponto de Cultura, onde foi voluntário e participou do projeto primeiro emprego. Dino Estevão afirma que lá teve a oportunidade de receber capacitação sobre informática e software livre e, para atualizar seus conhecimentos e tirar dúvidas, utiliza cursos on-line e apostilas.

O Projeto de implantação do infocentro está ligado a uma Política Pública do Governo Federal em parceria com o MEC e o governo municipal, portanto todos os computadores chegam com o programa operacional Linux Educacional já instalado. A articulação da prefeitura foi fundamental cedendo o espaço, os móveis e a mão de obra. O espaço é aberto para professores, alunos e funcionários. No início, as pessoas sentiam uma certa dificuldade no uso. Mas com o conhecimento básico, os usuários conseguem manipular os programas.

A concepção de migração para o uso do SL vem atrelada à democratização da inclusão digital, já que os usuários não precisam pagar pelos programas nem pirateá-los, pois os mesmos são gratuitos e qualquer pessoa pode instalá-los nos seus computadores. Segundo o que lemos na Cartilha de Software Livre (2005, p.15), Software Livre é uma questão de liberdade, não de preço.

O SL se tornou uma Política Pública do Governo Federal que defende a migração, em demonstração da defesa que o presidente faz junto às secretarias de Cultura e de Educação, o mesmo institui comitês técnicos com o objetivo de disseminar a cultura da inclusão digital através do SL, Decreto de 29 de outubro de 2003.

O SL é referência em confiabilidade e algumas empresas já estão migrando para o SL cada uma especificamente para execução de demandas relativas, como por exemplo: para arquivar documentos, transações financeiras, enfim para adequá-lo as necessidades das empresas ou instituições por permitir as quatro liberdades: copiar, executar, modificar e redistribuir.

CONCLUSÃO:

As pesquisas que realizamos nos possibilitaram adquirir novas e desconhecidas informações do uso consciente dos programas instalados nos nossos computadores, reconhecendo as vantagens e desvantagens dos mesmos. Percebemos que as vantagens sobressaem às desvantagens, visto que o SL não é uma empresa de um único dono, e sim, são formados por uma rede de hackers colaboradores, com princípios éticos, defensores da cooperação e da disseminação do conhecimento através da liberdade da informação (CARTILHA SL. 2005 p.12). Eles são técnicos e conhecedores do código fonte, e combatem constantemente a invasão dos crackers que são os responsáveis pela disposição de vírus capazes de destruir o funcionamento da máquina.

O software Proprietário monopoliza grande parte dos usuários e empresas, escondendo o código fonte como segredo comercial; enquanto o software livre proporciona a liberdade de escolha, os usuários têm a liberdade de: copiar, executar, modificar e redistribuir. As pessoas que tem o conhecimento técnico têm acesso ao código fonte que dá acesso e liberdade para modificação e criação de novos softwares, e isso dá idéia de compartilhar conhecimento e de cooperação. O SL surge da necessidade de deixarmos de ser meros usuários/consumidores de tecnologia passar a usá-la como forma estruturante do ensino x aprendizagem e deixar de ser consumidores de informação para produtores de cultura e conhecimento. (CARTILHA SL. 2005 p.9-15).

É importante ressaltar que a concepção da cultura do uso dos programas de Software Livre, desenvolvidos pelo projeto GNU/Linux, começou a ser disseminada na região de Irecê em 2003, principalmente, através do Programa de Formação Continuada de Professores em parceria da UFBA (Universidade Federal da Bahia) com a prefeitura Municipal de Irecê.

Até então, este era um programa desconhecido ou recusado por muitos que não o conhecia e/ou o conhecia de forma conturbada, por conta da distorção elencada por empresas vinculadas aos cursos de computação e a mídia em geral que tem um poder argumentativo inacreditável.

Apesar dos investimentos e das conquistas vinculadas a ações de caráter político, como a implantação do Ponto de Cultura, do Tabuleiro Digital e do Laboratório de Informática da UFBA/FACED, percebemos que há uma contradição no tocante aos órgãos públicos do município que não usam os programas de SL.

Vale ressaltar que, todo esse movimento de inclusão digital e software livre continua beneficiando a segunda turma de pedagogia UFBA-IRECÊ visando à formação dos docentes atuantes do município. Juntos, UFBA e a Prefeitura Municipal de Irecê desenvolveram o projeto de inclusão digital, já que é sabido que o curso era e é semi-presencial, e para tanto, o uso do computador como elemento viabilizador da comunicação entre professores e cursista se fez indispensável.

Por ser o uso dos programas de SL uma filosofia social e de segurança defendida pelos professores que abraçam a proposta de realizar esse trabalho de formação no município, este foi o primeiro passo para a inclusão digital em Irecê. As entrevistas e visitas realizadas contribuíram bastante para a nossa aprendizagem acerca desse movimento de software livre e inclusão sócio digital.

Hoje enxergamos o software livre como instrumento fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Sérgio Amadeu:

Este processo de desenvolvimento colaborativo e horizontal foi denominado por Eric Raymond, hacker e liberal norte-americano, modelo “bazar” de construção de software. Já a indústria de software proprietário utiliza o modelo fechado e hierarquizado que Raymond chamou de “catedral”. A verticalização e a burocratização do modelo proprietário não conseguem fazer frente à enorme efervescência do modelo centrado na colaboração e na interação de milhares de pessoas, tais como em uma feira, em um bazar. (SILVEIRA, 2004, P. 63).

Por ser um programa que prioriza a horizontalidade, muitas dificuldades e confusões têm surgido no contexto do Software Livre, porém nada de anormal estranhar o novo, mas com persistência estamos descobrindo que é possível uma migração total. Muitos ainda confundem Software Livre com Software Grátis, fato inconsistente, porque a liberdade associada ao Software Livre de copiar, modificar e redistribuir independe de gratuidade. Também não se conhece de forma adequada as ferramentas de Software Livre, atualmente disponíveis no mercado, para aplicação nas organizações, implicando dúvidas quanto à viabilidade de aplicação, atendimento de requisitos funcionais, relação de custo/benefício, necessidades de implantação e treinamento, dentre outras.

O software livre ganha força em nosso país por está articulado a política pública do governo federal que acredita na filosofia de liberdade propagada pelo o programa, sendo o mesmo acessivel e o código fonte aberto para as adequações necessárias, baixando o custo tecnológico e permitindo a criação de programas. Os investimentos e as ações são muitos na área da educação em parceria com o MEC e o ministério da Cultura. Muitas cidades são contempladas com telecentros. No entanto notamos que ainda falta mais engajamento político, ou melhor, apoio político ao governo federal. Muitos estados, a exemplo da Bahia não apóiam o decreto instituído pelo presidente.

No entanto é crescente a adesão do SL, a credibilidade do SP está perdendo o espaço. Isto acontece graças ao contato desde de cedo das crianças e dos jovens que fazem partem da inclusão digital. Daí vem a relevancia dos investimentos das políticas públicas nos âmbitos tecnológicos, pois as mesmas quando bem elaboradas e executadas dão chances de igualdade social e de conhecimento a todos os seres humanos, independente de suas situações financeiras.


REFERÊNCIAS

CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE, projeto software livre BAHIA, 2 Edição, Abril 2005.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 63. Disponível em http://jacksonmedeiros.files.wordpress.com/

Um comentário:

Bonilla disse...

Olá Brisa,
o relatório ficou bem melhor agora. Gostei dos links, do atendimento às normas da ABNT e também do aprofundamento das discussões sobre o tema. É assim que vamos fortalecendo nossa capacidade de análise e expressão. Parabéns!!!
Sobre o blog, vc precisa trazer mais reflexões sobre as vivências nas atividades do ciclo, mostrando tua caminhada ao longo do curso. Faça isso sempre, até o final do curso. Aproveite este espaço para mostrar tuas ideias, interesses, potencialidades. Traga imagens, vídeos, cores, movimento para o blog.
um abraço