sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Práticas Pedagógicas e TIC

Resultado do desenvolvimento da sequência didática: Calculadora, pode!


O sequência didática decorrente da área de Matemática foi elaborado e desenvolvido, após as primeiras aulas do Geac: Práticas Pedagógicas e TIC com a professora Maristela Midlej.


O título escolhido para a sequência foi “Calculadora, pode!”, escolhi esse título com o objetivo de demonstrar o quanto podemos explorar o uso de diversas ferramentas no contexto da sala de aula, inclusive o uso da calculadora, e que quando os alunos são bem orientados quanto ao uso deste recurso que, eles têm acesso com facilidade, muitos conhecimentos de cálculos são desenvolvidos. No PCN de Matemática a calculadora é indicada a ser incorporada aos recursos didáticos do professor, para validar a eficácia desta recomendação estudos e experiências foram realizados e segundo o indicativo do PCN:

Estudos e experiências evidenciam que a calculadora é um instrumento que pode contribuir para melhorar o ensino da Matemática. A justificativa para essa visão é o fato de que ela pode ser usada como um instrumento motivador na realização de tarefas exploratórias e de investigações. (2001, p. 46)

Porém, é sabido que a calculadora foi barrada na porta das salas de aula veementemente por muitas décadas. Portanto, não é possível continuarmos a ignorar a realidade evidente de que ferramentas tecnológicas avançadas “invadem” progressivamente os espaços, principalmente da nova geração que estão na escola. Para tanto, o uso da calculadora precisa sim ser explorador em detrimento do saber matemático e das múltiplas possibilidades de exploração e de investigação que ela promove para a ampliação deste saber e do desenvolvimento do raciocínio lógico.


Diante, da evidência significativa do uso da calculadora na sala de aula, fiz uma sequência didática com o objetivo de usá-la e explorá-la junto aos alunos do 5° ano, no contexto da sala de aula. E, não foi surpresa a receptividade positiva do envolvimento dos alunos.


A princípio, por não terem costume de explorar os recursos oferecidos pela calculadora eles demonstraram dificuldade, que foram sendo superadas com as intervenções feitas por mim e o desenvolvimento da confiança de explorar o que ainda não era conhecido. Então, eles realizaram cálculos livres, pois já tinham costume, identificaram os elementos que compõem uma calculadora e logo depois, solicitei a exploração aos panfletos das lojas.


Sendo a proposta da atividade o uso da calculadora para resolver situações-problemas no decorrer da sequência didática os alunos em diferentes disposições referentes ao agrupamento, ou seja, em dupla, em grupo, individual realizaram as atividades que foram solicitadas, todas baseadas na resolução dos problemas que eles mesmos produziram, segundo os conhecimentos adquiridos dos conceitos das quatro operações, utilizando como apoio os panfletos das lojas.


Embora, a dificuldade tenha surgido, como era o esperado, os alunos se saíram bem, após terem conseguido se aproximar das outras possibilidades de cálculos que a calculadora propicia. O envolvimento foi espontâneo e a interação, principalmente entre eles foi satisfatória, pois em outras atividades, principalmente, em grupo o entrosamento nunca tinha sido tão sociável.


Referência:

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: matemática/Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. - 3. ed. - Brasília: A Secretaria, 2001.

Sequência Didática/Matemática

UFBA/IRECÊ LICENCIATURA EM PEDAGOGIA SÉRIES INICIAIS
CURSO – GEAC TIC E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

PROFESSORA – MARISTELA MIDLEJ
DISCENTE - BRISA SENA NUNES


Calculadora, pode!

Objetivos:

- Estimular o uso da calculadora, de modo consciente e responsável;
- Resolver situações-problema que envolva as quatro operações;
- Ter noção de porcentagem, calculando juros simples;
- Vivenciar processos de resoluções de problema, percebendo que para resolvê-los é preciso compreender;
- Propor e executar planos de solução, verificando e comunicando as respostas;
- Perceber que a matemática está presente em nossas vidas, e que o aprimoramento dos conhecimentos matemáticos favorece o saber lidar com situações do cotidiano;
- Utilizar à calculadora como um suporte para a verificação de resultados.
Conteúdos:

- As quatro operações;
- Situações problema;
- Noção de porcentagem
Ano:
- 5° ano
Tempo estimado:
- 4 aulas
Material necessário:
- Panfletos de lojas de móveis;
- Caderno;
- Lápis, borracha, caneta;
- Papel ofício;
- Calculadora ou celular.

Desenvolvimento (descrever as dinâmicas/ estratégias de utilização das tecnologias):
1 ª etapa:
- Dividir os alunos em grupos, cada grupo com 4 alunos, usar dinâmica para organizar os grupos; - Distribuir para cada grupo dois panfletos de lojas diferentes;
- Solicitar aos grupos que escolha dois produtos diferentes no mesmo panfleto e calcule o valor total dos produtos, usando a calculadora;
- Verificar se nos dois panfletos tem o mesmo produto, caso tenha fazer a comparação de preços, usando a calculadora para verificar a diferença;
- Escolher um dos produtos e dividir o preço total em 3 parcelas, e ir ampliando o número de parcelas. Comparando os valores, inferindo suas interpretações; por que o valor diminui quando aumenta as parcelas? Ou por que o valor aumenta quando diminui as parcelas? Usar a calculadora;
- Utilizar a multiplicação como inverso da divisão, e também, no cálculo do valor de um determinado produto, simulando a compra de dois ou mais produtos iguais, usando a calculadora; - Elaborar alguns problemas, utilizando as quatro operações, entregá-los a um dos grupos para resolvê-los. Fazendo uso da calculadora;
- Socialização dos resultados.

2ª etapa:
- Atividade individual;
- Cada aluno irá elaborar cinco problemas, considerando que em cada problema uma das operações seja contemplada, porém a última operação terá que envolver mais de uma operação; - Escolher um dos colegas para resolvê-los, fazendo uso da calculadora;
- Socialização suas respostas.
3ª etapa:
- Atividade em dupla;
- Um determinado produto será citado, os alunos observarão o valor correspondente e em cima deste valor vai embutir um determinado juro. Verificar o valor que ficou, e o quanto aumento do valor inicial, repetir esse procedimento com outros produtos, usando a calculadora;
- Diminuir de um determinado valor, certa porcentagem, verificando quanto foi diminuído no valor do produto, repetir com outros valores, usando a calculadora;
- Cada aluno da dupla irá elaborar três situações-problema e passar para o colega parceiro resolvê-los, usando a calculadora;
-Socialização dos resultados.

4ª etapa:
- Atividade em grupo, usar dinâmica para dividir os grupos;
- Para cada grupo entregar uma atividade com duas situações-problema, eles irão resolver sem o uso da calculadora, em seguida irão utilizar a calculadora para verificar as respostas;
- Usar a criatividade e elaborar problemas que envolva os conceitos de resolução e interpretação das quatro operações e também porcentagem; elaborar no mínimo seis problemas e entregar a outro grupo para que resolvam sem a calculadora, usar a calculadora para verificação dos resultados;
-socialização dos resultados.

Avaliação:
- Observar o desempenho dos alunos nas diferentes etapas do processo, seja, resolvendo as situações-problema ou na elaboração dos mesmos, verificando o desempenho que apresentam na resolução de problemas com e sem a calculadora;
- Observar a interação dos grupos e duplas;
- Auto-avaliação.

domingo, 7 de novembro de 2010

Geac Tic



Síntese dos texos:
Subjetividade, tecnologia e escolas (Márcia Leite e Valter Filé; orgs.)
"Cabeças digitais" um motivo para revisões na prática docente (Roseane A. dos S. Abreu)

O texto "Subjetividade, tecnologia e escolas aborda o espaço/tempo na subjetividade do sujeito e a relação que este estabelece com o meio; espaço escolar, tecnologias e os indivíduos que também se inserem neste espaço, intercalando suas histórias, constituindo uma rede no plural, intercruzando espaços/tempos.
Para refletir sobre espaços/tempos é preciso "romper com a ideia do espaço único e neutro," segundo (Leite e Filé, orgs. p. 117), pois os espaços se configuram na realidade de cada individuo de modo diferente, a partir do tempo em que está vivenciando as situações decorrentes. E quando se parte para o ambiente escolar esses indivíduos precisam ser considerados e respeitados dentro de suas singularidades. Para tanto, é importante, perceber que os alunos e alunas têm o seu próprio tempo de receber e assimilar informações e que o uso das novas tecnologias na sala de aula não serão o fator primordial para que a aprendizagem aconteça de forma homogenia, alias, não existe formas nem concepções que possibilitará uma aprendizagem uniforme entre os sujeitos, pois cada um é um. Assim sendo, é importante refletir sobre o uso das diferentes ferramentas tecnológicas, sejam eles; caderno, lápis, computador, retroprojetor, televisão ou outros. O foco da reflexão é direcionado ao fazer pedagógico utilizando essas ferramentas, percebendo se elas garantem por si só as necessidades dos alunos e das alunas.
Leite e Filé-orgs. (p.122) ressaltam que: "Saber fazer o uso "adequando" das tecnologias é apenas um dos fios que se podem puxar para pensar a educação e, importa dizer, isso vai além de utilizar o retroprojetor, a televisão, o vídeo ou o computador. Estes são, apenas, alguns dos instrumentos que requerem técnicas".
Portanto, não é simplesmente, aprender sobre técnicas para fazer uso das ferramentas, o interessante são os usos 'astuciosos' e 'clandestinos' que se fazem destes produtos. Compartilhando, principalmente as experiências, considerando os movimentos singulares e coletivos que possibilitam a construção de histórias originais, revelando as microdiferenças entre os sujeitos.
Isso significa que é ilusório acreditar que a educação só será de qualidade se houver as novas e avançadas ferramentas tecnológicas. O que se deve considerar é a atuação de cada um e do grupo na construção dos saberes individuas e coletivos.
Por isso, do ponto de vista de Leite e de Filé: "[...] poderemos perceber que o cotidiano escolar é um espaço/tempo de emancipação, em que é possível aos sujeitos, pelas próprias formas de utilizar o que lhes é imposto, criar alternativas, inovar, reinventar, apropriar-se de modo singular e original e principalmente reconhecer a relevância do que produzem"(125).
Neste sentido, se faz necessário fazer emergir uma nova concepção de educação que busque reavaliar o conhecimento-emancipação [...] (LEITE e FILÉ, p 125).
O conhecimento-emancipação é uma concepção que deve ser considerando no texto "Cabeças digitais": um motivo para revisões da prática docente, por se tratar de um assunto da necessidade de re-significar o fazer pedagógico do docente mediante a penetração da Internet no espaço escolar.
Para tanto, é necessário revisar o fazer docente, percebendo "que o processo de globalização fortimento incrementado pelas redes de computadores, faz com que as fronteiras nacionais desapareçam e surja uma espécie de sociedade virtual" (CEBRIÁN, 1999 apud ABREU, p.163).
Nos dias atuais, a educação convencional vem se degradando gradativamente. O movimento do desenvolvimento depende, também da escola para formar sujeitos capacitados para as novas exigências do mercado. As escolas não podem ficar aquém dos novos avanços e precisam ser inseridas no novo conceito de sociedade dinâmica. Portanto, é evidente que os professores se adequém ao novo sistema de ensino e de aprendizagem, mas para que isso aconteça de fato, o paradigma de "dono do saber" precisa ser quebrado. A emancipação do saber está invadindo as escolas, principalmente, quando se trata do uso das ferramentas digitais, os alunos e alunas detém muito mais conhecimento do que os professores.
Pensando na concepção pelo viés da hierarquia, os papeis se invertem, isso é, perigoso para os professores que não estão preparados para abrir mão do poder. Porém é preciso saber lidar com a nova situação e a pressão inerente do novo cenário escolar.
O novo fazer pedagógico deve ser revestido de movimentos dinâmicos. É necessário que os professores, segundo Abreu (p.176): "Reconhecem que o modelo no qual a maioria foi constituída está ultrapassada e que precisam construir uma prática mais colaborativa, baseada na troca entre professores e alunos".
Segundo Abreu (p. 177): Manter-se atualizado, não somente no que se refere ao conhecimento, mas também à tecnologia, parece ser, uma exigência".

Ambos os textos indagam sobre o uso das ferramentas tecnológicas digitais, principalmente, no espaços escolares, o como estar sendo a receptividade entre os professores e o uso das ferramentas, como estes estão lidando com as novas exigências. Contudo, o fazer pedagógico precisa ser revitalizado pondo em prática as novas possibilidades de interação do saber entre professores e alunos.

No filme "Entre os muros da escola" pode-se perceber a mudança de postura do professor de francês quando se muda de ambiente. No habitual ambiente da sala de aula ele se mantém no seu posto de "dono do saber", já quando ele e os alunos vão para sala de informática o professor tornar-se reflexivo, permitindo as intervenções dos alunos.
Será que o ambiente da sala de aula tende a engessar o professor de tão maneira, que ele só consegue perceber capacidade em si mesmo?

O professor precisa se adequar as novas demandas exigida pelos alunos contemporâneos, a atividade arcaica da exposição, que só o professor fala e os alunos ouvem não enquadra mais no contexto atual. Os alunos estão atenados e exigem atualização dos professores. A articulação do ensino com novas ferramentas faz-se necessária no ambiente da sala de aula. Pois, os alunos atuais estão inseridos em um contexto mais dinâmico e consequetemente, a utilização das ferramentas tecnológicas fazem parte do cotidiano deles, muito mais do que dos professores.



Referências:

LEITE, Márcia; FILÉ, Valter (orgs). Subjetividades, tecnologias e escolas. Rio de Janeiro: DS&A, 2002.

ABREU, Roseane Albuquerque dos S. "Cabeças digitais": um motivopara revisões na prática do docente. São Paulo: Loyola, 2006.